segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Está rindo de quê?


Está rindo de quê?

Está rindo de quê? Conte-me pra eu rir também!

 

                 Pra onde foi a graça das piadas? Onde está o humor dos humoristas (inclusive o meu, não que me considere um humorista, mas ao menos alguns bêbados riem de minha cara)? Somos obrigados a engolir essas piadas que são empurradas pelos próprios humoristas goela abaixo! É como uma propaganda de cigarros. Conseguem nos convencer de que aquele tubinho fedorento, que amarela os dentes e ainda nos presenteia com um câncer, geralmente no pulmão, mas você pode escolher entre o de garganta também!
No caso do humor, rimos de circunstâncias que não têm nada de engraçado. Quando devíamos, de fato, rir da própria cara ou falta de graça. No blog de Zeca Camargo (que, aliás, me inspirou) ele cita a infame campanha do Pânico na TV. Estão propondo ao Zeca que recupere os pesos perdidos em um dos quadros do programa que apresenta. Cadê a graça? Este por sua vez sugere que deem essa comida a quem realmente precisa.


       Qual deveria ser a proposta de um programa de humor? Não sei onde me perdi, mas em minha época a proposta era rir! Fiquei velho demais para as piadas da atualidade? Estaremos perdidos em um filme dos Irmãos Coen?
O mesmo Zeca ainda pergunta: qual programa atual é engraçado pra você? Como responder, se o que se vê nos programas que se propõe ao humor é o alto apelo à sensualidade? Eis que eu pergunto: está rindo de quê? Onde está a graça desses corpos customizados e inertes como em vitrines? Será algum bisturi perdido? Será que não entendi a piada?
Conhecem a frase de um cidadão chamado Orson Welles que diz haver pessoas que são educadas a não falar com a boca cheia, mas não se preocupam em fazê-lo de cabeça vazia? É quase isso que ocorre nos programas de humor. Os manequins não se preocupam em aparecer na TV ou em qualquer lugar que frequentem com pouca roupa, pois possuem pouco ou quase nada na cabeça também. Alguns comediantes são como o Clint Eastwood, fazem a piada, fazem o programa, a contam, riem sozinhos e ainda a divulgam como engraçada.
Sinceramente, o que me faz rir hoje em dia é o Sílvio Santos praticando bullying com sua própria filha. O melhor da TV hoje é o Chaves em reprise (parodiando o Planet Hemp, antes que me chamem de plagiador)! Ou os poucos desenhos antigos, essas coisas me fazem rir. Sim! Eu assisto desenhos!
Tudo começou com Laurel, Hardy e Chaplin que não são Os Três Patetas. Na década de setenta tínhamos o lendário Monty Python e El Chavo Del Ocho. No Brasil tivemos a Família Trapo (do maior humorista do país – Bronco) e o impagável Mazzaropi. Na década de noventa éramos representados pelos Cassetas, pela TV Pirata e pela única e inigualável Escolinha do Professor Raimundo. Nas manhãs de domingo tínhamos – e temos até hoje na série de maior duração da história – o humor escrachado de Matt Groening. CQC é o “menos pior” da atualidade. Em Pânico (na TV) fico eu, Zorra (concordo) e a Praça que já foi, mas hoje não é a nossa onda, temos alguns exemplos do que é visto como engraçado, eu só não consigo entender a piada!
Enfim, pra rir de verdade basta sintonizar algum telejornal que esteja falando de nossos representantes políticos, os sensacionalistas também valem. Feito isso basta sentar-se e rir da sua própria falta de graça. A televisão me deixou burro, muito burro demais!
Imagem: Luciano Pires : Nois qui invertemos as coisa
Muito burro demais!

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