domingo, 1 de janeiro de 2012

SÍNDROME FEMOLOPATELAR




A Síndrome da Dor Femoropatelar (SDFP), também denominada de Síndrome do Stress Femoropatelar ou Disfunção da Articulação Femoropatelar, ocorre mais freqüentemente em adolescentes e adultos jovens de 10 a 35 anos, apesar de acometer pacientes de todas as idades e é mais comum nas mulheres que nos homens.


            Essa síndrome pode ser definida como uma dor anterior no joelho e/ou retropatelar, sendo agravada durante atividades esportivas, subida e descida de escadas, caminhadas em terrenos inclinados, agachamento e ao permanecer sentado por tempo prolongado.
                        A síndrome de disfunção femoropatelar ainda é de etiologia desconhecida, porém alguns estudos indicam que pode ter origem multifatorial, a hipótese mais freqüentemente aceita como o precursor primário de patologia da articulação Femoropatelar é o mau-alinhamento patelar. Tendo ainda outros fatores que podem influenciar na sintomatologia como o mau-alinhamento do membro Inferior, o desequilíbrio da musculatura extensora, a insuficiência do músculo vasto medial oblíquo, a fraqueza dos músculos do quadril, a atividade excessiva, a diferença entre o início da contração muscular entre vasto medial oblíquo e vasto lateral e a incongruência entre a patela e o sulco troclear femoral como fatores contribuintes para a origem da dor anterior no joelho.
            Há uma grande discussão quanto à contribuição da fraqueza da musculatura do quadril no desalinhamento da patela.
Abdução do quadril e as forças de rotação externa foram significativamente menores em indivíduos com SDFP que em controles sadios. Uma disfunção do músculo glúteo médio pode induzir excessiva rotação interna do quadril e esta rotação interna aumentada pode contribuir para um vetor de força maior, valgo do joelho, aumentando assim a Síndrome de disfunção patelofemoral.
            Indivíduos com SDFP apresentam como mecanismo de defesa para a dor uma maior rigidez muscular e articular, desencadeando menor movimentação global no corpo, fazendo com que o controle motor compensatório determine uma maior rotação externa no membro inferior para conseguir concluir a atividade motora proposta. O aumento da rotação externa faz com que a borda medial da patela seja comprimida, ou seja, o local de inserção do músculo vasto medial. Como resposta de propriocepção e mecanismo de controle antálgico, o sistema neuromotor determina uma ativação mais lenta do músculo.
            É muito importante que se faça a avaliação e o diagnóstico corretamente para que se possa determinar o tratamento mais adequado de acordo com a condição do paciente. É preciso levar em conta todas as alterações biomecânicas no membro inferior que podem gerar ou ser geradas pela dor.


Anatomia do joelho



O joelho é a articulação intermédia do membro inferior que tem como função a locomoção e a sustentação do peso.
 O joelho é uma grande juntura sinovial do corpo humano e também uma das mais complexas. É uma articulação classificada como gínglimo, realiza flexão-extensão e de forma acessória possui um segundo grau de liberdade, a rotação sobre o eixo longitudinal da perna que só aparece quando o joelho está flexionado. O joelho trabalha essencialmente em compressão pela ação da gravidade.

 Ossos do joelho

O joelho é composto de três ossos: fêmur, tíbia e a patela. O fêmur é o maior osso do esqueleto, proximalmente se articula com o quadril e distalmente com a tíbia, ele dirige-se inferior, medial e anterior e convergindo para os joelhos e se expande em duas massas volumosas, os côndilos medial e lateral do fêmur. Esses côndilos anteriormente recebem a patela na face patelar, isso acontece somente quando a perna está fletido pelo menos a 90º
Posteriormente os côndilos são separados pela fossa intercondilar.
Ambos apresentam pequena projeção nas suas superfícies não articulares, o epicôndilo medial e lateral.
A tíbia é também um osso longo fortemente unida à fíbula, entretanto, apenas a porção proximal da tíbia articula-se com o fêmur; a fíbula não faz parte da articulação do joelho. A tíbia possui uma plataforma destinada a articular-se com a extremidade distal do fêmur. É constituída pelos côndilos medial e lateral, que são dois platôs côncavos, com faces articulares na sua parte superior, separadas pela eminência intercondilar que possui o tubérculo intercondilar medial e intercondilar lateral que penetram na eminência intercondilar do fêmur quando o joelho se estende. A tíbia possui ainda uma robusta projeção óssea, a tuberosidade da tíbia, a qual se destina à fixação do músculo quadríceps pelo tendão patelar.
Ambos os côndilos femorais são convexos, o medial é assimétrico e se estende distalmente muito mais que o lateral, enquanto este é ligeiramente mais largo no centro da chanfradura intercondilar, isso para compensar a angulação medial da diáfise femoral.
A assimetria condilar contribui para o mecanismo de pivô, que ocorre durante a extensão terminal do joelho; contribuindo para o mecanismo de travamento. Esse mecanismo é a rotação interna femoral acoplada com a rotação externa.
A patela é um osso sesamóide, tem forma triangular, uma base superior e um ápice dirigido inferiormente, está inserida no tendão do músculo quadríceps da coxa. A face anterior é convexa com sulcos verticais, é rugosa para permitir a inserção do ligamento patelar. A face posterior articular é mais lisa e desliza pela tróclea femoral. Ela apresenta duas áreas separadas por uma ligeira elevação, a lateral é maior que a medial, e na flexão tem contato maior com o fêmur.

Articulações e ligamentos

Funcionalmente, o joelho possui duas articulações tibiofemoral e patelofemural. A articulação tibiofemoral é a propriamente dita do joelho e a patelofemural possibilita o mecanismo de extensão do.
As faces articulares da articulação tibiofemoral são formadas pela extremidade distal do fêmur e pela extremidade superior da tíbia. Os dois côndilos femorais grandes, bulbosos e convexos se apóiam em um platô tibial côncavo.
A tróclea femoral em forma de V entre eles articula-se com a patela.
Todos esses compartimentos estão contidos dentro da mesma cápsula articular e estão em continuidade. O compartimento patelofemural (patela e tróclea femoral) estão localizados na face anterior do joelho. Na flexão a patela desliza caudalmente ao longo da linha intercondilar; na extensão desliza cranialmente. Em extensão do joelho a patela articula-se com a bolsa suprapatelar (bursa), em uma flexão de 10º a 20º ela articula-se com a cartilagem hialina da parte proximal da tróclea femoral, à partir dos 20º o contato da patela com o fêmur é total).
O compartimento tibiofemural medial compreende o côndilo femoral medial (platô), o menisco medial e o côndilo medial tibial côncavo, está localizado na metade medial do joelho. O compartimento tibiofemural lateral inclui o côndilo lateral femural, menisco lateral e platô plano tibial lateral, está localizado na metade lateral da articulação do joelho.
De acordo com Montgomery (1996), na articulação tibiofemural, a bainha femoral normal não é paralela à bainha tibial. A tíbia possui uma orientação valga em relação ao fêmur, o grau exato varia entre os indivíduos. No joelho valgo a tíbia distal é um pouco mais afastada da linha média criando uma aparência de joelho para dentro, no joelho varo a tíbia distal está angulada próximo da linha média criando aparência de perna em arco.
O alinhamento tibiofemural é extremamente importante no balanceamento do vetor de força entre os compartimentos tibiofemural medial e lateral durante a sustentação de peso. No joelho com alinhamento anatômico normal, a sustentação do peso é igualmente distribuída nos dois compartimentos. O excesso de sustentação de peso em um compartimento leva a uma degeneração da cartilagem e à osteoartrite precoce, e o alinhamento piora à medida que aumenta a destruição da cartilagem.
A estabilidade do joelho depende estaticamente dos ligamentos colateral medial e lateral e os ligamentos cruzados anterior e posterior.
O ligamento colateral medial (tibial-LCM) é uma estrutura larga, plana e achatada, nasce no epicôndilo medial do fêmur e dirige-se para o menisco medial e a tíbia. Ele é responsável pela estabilidade em valgo do joelho. O ligamento colateral lateral (fibular-LCL) tem formato de corda e vai do epicôndilo lateral do fêmur à cabeça da fíbula, fundindo-se com a inserção do bíceps femural. Ele restringe primariamente o estresse em varo do joelho.
Os ligamentos cruzados anterior e posterior ficam intra-articulares e extrasinoviais na linha média do joelho. O ligamento cruzado anterior (LCA) fixa-se no platô tibial antero-medial e adota um trajeto póstero-lateral, enrolando-se ao redor do ligamento cruzado posterior e fixa-se na superfície póstero-medial do côndilo femural lateral. Ele previne o deslocamento anterior da tíbia sobre o fêmur e também de rotação interna da tíbia sobre o mesmo.
O ligamento cruzado posterior (LCP) é maior que o LCA em diâmetro.
Localiza-se em uma depressão na tíbia posterior entre os dois platôs, sobe na direção antero-medial fixando-se na superfície lateral do côndilo femural medial. Ele previne o deslizamento posterior da tíbia em relação ao fêmur.

Cápsula articular e membrana sinovial

A cápsula articular da articulação do joelho é delgada e membranosa posteriormente e está fixada aos côndilos femural e tibial. Anteriormente ela é substituída em grande parte pelo tendão do ligamento patelar. Lateral e medialmente se estende do fêmur distal até a tíbia.
A cápsula está ausente entre o tendão do quadríceps e a face anterior do fêmur, permitindo que a membrana sinovial forme uma ampla prega nesta região e constitua a bolsa suprapatelar. Posteriormente, a cápsula articular apresenta uma fenda através da qual emerge o músculo poplíteo .
Há abaixo da patela o coxim adiposo infrapatelar (ou bolsa infrapatelar), fonte de muita dor nos compartimentos inferior e anterior do joelho, em virtude de sua inervação. Quando há aumento de volume nesse coxim e há inflamação, a dor pode ser severa pela maior pressão exercida pelo pólo anterior da patela.
A flexão do joelho leva ao enchimento da fenda da qual emerge o músculo poplíteo, enquanto a bolsa suprapatelar se enche durante o movimento de extensão do joelho.
A membrana sinovial do joelho é a mais extensa e complexa do corpo e, em geral reveste a cápsula articular e as estruturas intra-

Meniscos

Os meniscos, ou cartilagens semi-lunares, são duas estruturas fibrocartilaginosas, intracapsulares e cada um deles cobre aproximadamente dois terços da superfície tibial. A superfície superior de cada menisco é côncava e articula-se com os côndilos femurais, a superfície inferior é plana e apóia-se sobre a superfície articular tibial.
Eles funcionam como coxins cartilaginosos, absorvendo os choques produzidos na deambulação, tornam mais congruentes as superfícies ósseas que se articulam, funcionam na transmissão de força e na estabilidade da articulação.
O menisco medial tem a forma de letra C, está inteiramente aderido à cápsula articular e ao ligamento colateral medial. Está mais propenso a lesões pela mobilidade reduzida nos movimentos rotatórios súbitos da articulação do joelho. O menisco lateral apresenta-se como um círculo quase completo, suas fixações periféricas a uma cápsula frouxa e a ausência de fixação ao ligamento colateral lateral são responsáveis pela maior mobilidade do menisco lateral, sendo menor os riscos de lesão.



Bursas

As bursas são importantes para diminuírem o atrito entre as estruturas, reduzir a fricção e assim proteger a articulação. Geralmente não são palpáveis, a menos que estejam inflamadas e aumentadas. A inflamação de qualquer bursa criará derrames localizados.
A bursa pré-patelar está localizada logo anteriormente à patela. Essa bursa cria maior liberdade de movimento para a pele que cobre a parte anterior da patela. A bursa infrapatelar superficial está localizada logo anterior ao ligamento patelar, a inflamação é freqüente quando se ajoelha excessivamente.
A bursa infrapatelar profunda está localizada diretamente atrás do ligamento patelar). A bursa anserina (da pata de ganso) está localizada entre a tíbia e a inserção da aponeurose da pata de ganso, não é palpável, exceto se estiver inflamada.
A bursa gastrocnêmio-semimembranoso está localizada na fossa poplítea, é conhecida como cisto de Baker, se inflamada é facilmente visível e palpável se o joelho estiver em extensão, o cisto é móvel e normalmente indolor. Qualquer tipo de derrame no joelho pode causar o desenvolvimento do cisto de Baker .

Músculos e tendões

Os músculos que cruzam a articulação do joelho consistem nos músculos monoarticulares e biarticulares que atuam como agonistas, antagonistas e estabilizadores.
Os músculos anteriores primários são os componentes do quadríceps femoral que atuam como os principais extensores do joelho: vasto lateral, vasto medial, vasto intermédio, vasto medial oblíquo, geno-articular e reto femoral, sendo este biarticular, atuando também como flexor do quadril. O tendão de inserção destas porções do quadríceps é único e é continuado pelo ligamento patelar que se estende do ápice da patela à tuberosidade da tíbia.
Dinamicamente, o comprimento do reto femoral e do tendão patelar é de primordial importância para permitir o deslizamento patelar livre durante a flexão e a extensão.
Os principais músculos posteriores são os isquiotibiais (jarrete): bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso, exceto a porção curta do bíceps femoral, todos esses músculos são bi-articulares, agindo na extensão da coxa e na flexão do joelho. A ação destes músculos sobre uma das duas articulações depende essencialmente da posição da outra articulação, ou seja, é quase impossível estender a coxa com a perna totalmente fletida, os músculos ficam muito encurtados.
Na face póstero-medial do joelho encontra-se a fossa poplítea (“pata de
ganso”), formada pelo grupo muscular pés anserinos composto pelos músculos grácil, sartório e semitendinoso. Atuam na flexão do joelho.
O músculo poplíteo reveste o redor da região póstero-lateral da tíbia para inserir-se no epicôndilo femural lateral. Ele fornece a força rotacional para a tíbia no fêmur, assim como a resistência contra o movimento posterior da tíbia sobre o fêmur, ele atua no destravamento do joelho, no início da flexão partindo da extensão.
O tensor da fáscia lata origina-se na superfície anterior da crista ilíaca e
dirige-se distalmente entre as camadas do trato tibial e insere-se ântero-lateralmente na tíbia proximal (tubérculo de Gerdy’s). No joelho produz extensão e rotação lateral através do trato iliotibial. Através deste, o glúteo máximo ajuda indiretamente a estabilizar o joelho em extensão.
As cabeças medial e lateral do músculo gastrocnêmico originam-se da região posterior do fêmur e também flexionam o joelho.

Fisiopatologia e etiologia





A patela articula-se com o sulco patelar do fêmur. Várias forças atuam sobre a patela para proporcionar estabilidade e mantê-lo de monitoramento corretamente.
Um equívoco comum é que os movimentos da patela apenas em uma direção para cima e para baixo. Na verdade, ela também se inclina e gira, por isso existem vários pontos de contato entre a superfície inferior da patela e o fêmur, de contato repetitivo em qualquer destas áreas, algumas vezes combinado com vários movimentos da patela que muitas vezes não é detectável a olho nu, é o mecanismo provável de síndrome de dor femoropatelar. 
O resultado é a apresentação clássica da dor retropatelar e peripatelar. Esta dor não deve ser confundida com a dor que ocorre diretamente sobre o tendão patelar (tendinite patelar).
Muitas teorias têm sido propostas para explicar a etiologia da síndrome femoropatelar. Estes incluem biomecânica, teorias muscular e excesso de uso. Em geral, a literatura e a experiência clínica sugerem que a etiologia da síndrome de dor femoropatelar é multifatorial.

Uso excessivo e sobrecarga

Flexão do joelho aumenta a pressão entre a patela e seus vários pontos de contato com o fêmur, a síndrome de dor femoropatelar é muitas vezes classificada como uma lesão de esforço.  No entanto, um termo mais apropriado pode ser "sobrecarga", porque a síndrome também pode afetar pacientes inativos. Repetido impacto de sustentação de peso pode ser um fator contribuinte, especialmente em corredores, subidas e superfícies irregulares tendem a exacerbar a dor femoropatelar. Uma vez que a síndrome se desenvolveu, mesmo sentado prolongado pode ser dolorosa ("sinal do freqüentador de cinema") por causa da pressão extra entre a patela e o fêmur durante a flexão do joelho.

Problemas biomecânicos e Disfunção Muscular

O fator biomecânico foi identificado como a principal causa de dor femoropatelar, embora muitos tenham sido levantada a hipótese. Algumas das teorias mais populares são;
Pé Plano (pronação)Os termos "pés chatos" e "Pronação do pé" são freqüentemente usados ​​alternadamente. Tecnicamente falando, pronação do pé é uma combinação de dorsiflexão eversão e abdução do pé. Esta condição geralmente ocorre em pacientes que não possuem um arco de apoio medial. Pronação do pé provoca uma rotação compensatória interna da tíbia ou fêmur (anteversão femoral)  que perturba o mecanismo femoropatelar. Esta é a premissa por trás usando suporte de arco ou órteses personalizadas em pacientes com síndrome femoropatelar.
Pés cavos (Pé Supinação). Comparado com um pé normal, um pé alto arqueado fornece menos amortecimento para a perna quando se atinge o chão. Isto coloca mais pressão sobre o mecanismo patelofemural, especialmente quando uma pessoa está em execução. calçado adequado, como o tênis com amortecimento extra e um suporte de arco, pode ser útil.
Ângulo Q . Embora alguns investigadores acreditam que um "grande" ângulo Q é um fator predisponente para a dor femoropatelar, outros questionam essa afirmação.Estudos encontrou semelhante ângulos Q em pacientes sintomáticos e assintomáticos.Outro estudo compararam os pés sintomáticos e assintomáticos em 40 pacientes com sintomas unilaterais e encontrou ângulos semelhantes Q em cada perna. Além disso, "normal" ângulos Q variam de 10 a 22 graus, dependendo do estudo, e as medidas do ângulo Q em um mesmo paciente variam de médico para médico.Portanto, o médico deve ser cauteloso em colocar muita ênfase no tais biomecânica "variantes", como isso pode levar o paciente a acreditar que nada pode ser feito sobre sua dor.
Causas musculares. As causas potenciais de dor femoropatelar muscular pode ser dividida em "fraqueza" e "inflexibilidade. Fraqueza dos músculos do quadríceps é a área mais citados de preocupação. No entanto, cada uma das causas potenciais devem ser avaliados e tratados adequadamente para ajudar a cuidar de forma conservadora

Exame físico

O exame clínico minucioso é fundamental para um correto diagnóstico e conduta adequada, mais do que qualquer exame complementar a semiologia permiti-nos realizar a maioria dos diagnósticos da vasta patologia do joelho.
A confiança do paciente não se ganha com palavras, mas sobretudo com o toque cuidadoso do terapeuta.

> Inspeção estática

Antes de proceder-se o exame regional do joelho devemos avaliar o membro inferior como um todo, iniciando com uma inspeção estática observando o indivíduo de pé e por todos os ângulos.
Nesse momento deve-se avaliar a postura dando especial atenção ao alinhamento dos membros. Observar a altura da crista ilíaca para verificar desnivelamento ou báscula, atitudes viciosas como abdução e adução ou flexão. Devemos analisar se existe alinhamento em valgo, varo, flexão da articulação ou recurvado.
Ao nível do pé ou tornozelo devemos verificar o apoio plantar observando se existe tendência para pé chato ou cavo, retropé varo ou valgo e o posicionamento do antepé.

Todas essas alterações podem interferir na postura do joelho.
Devemos ainda procurar por marcas ou cicatrizes.

> Inspeção dinâmica:

A análise da marcha é um dos pontos de maior importância na inspeção dinâmica. Devemos inicialmente avaliar o andar do indivíduo, se é natural ou apresenta alterações como piora do alinhamento do membro de apoio, claudicações, dificuldade ou assimetrias.
Uma das principais alterações é o aumento do varismo, também chamado de flambagem, que significa já haver comprometimento dos ligamentos do joelho.

> Inserções ósseas e ligamentos

São palpados os pólos superior e inferior da patela com suas bordas medial e lateral o que é mais bem realizado com o paciente deitado, a procura dos pontos dolorosos.
A seguir são palpados os côndilos medial e lateral e a tuberosidade anterior da fíbula.
Todos os pontos dolorosos são locais de origem e inserção de ligamentos e tendões. São palpados os complexos ligamentares medial e lateral do joelho, os tendões quadriceptal e patelar, os tendões isquiotibiais mediais e pata de ganso(grácil,semimembranoso e sartório) e os laterais.
A palpação da região posterior da articulação permite apenas a abordagem das partes moles do cavo poplíteo e do pulso da artéria poplítea.

> Femuro-patelar

O exame dessa articulação deve ser sempre dinâmico pois é nessa situação que as instabilidades manifestam-se.
Uma boa maneira de avaliá-la é a partir da posição sentada solicitando ao paciente que realize a extensão contra uma resistência manual e observando a trajetória da patela sobre o fêmur que apresenta apenas ligeira tendência a lateralização ao final da extensão. Caso esse movimento seja excessiva ou reproduza os sintomas deve ser considerada sugestiva de instabilidade. A manobra pode ser sensibilizada através da rotação externa da perna ao mesmo tempo que se opõe resistência a subluxação lateral. A rotação interna diminui essa tendência e os sintomas também, exceto nos casos de instabilidade medial, geralmente de origem iatrogênica.

> Existem outros testes que podem ser realizados

Condromalácia patelar - Uma das mãos fixadas na superfície inferior da patela e com a outra deslizar os três dedos no centro da patela realizando movimentos circulares.
Crepitação - flexo-extensão passiva do joelho com uma das mãos na interlinha e a outra no pé.
Lachman - gaveta anterior em 15° de flexão.
Mc Murray - flexão total de coxofemoral, examinador fixa uma das mãos no joelho e a outra no tornozelo.
Apley - realizada em decúbito ventral com joelho em 90° de flexão, aplica-se a compressão axial à perna e realizando rotações variando o grau de flexão para buscar o local da lesão.
Compressão patelar - paciente em D.D, terapeuta inferioriza a patela do mesmo e solicita uma contração lenta do quadríceps enquanto realiza uma compressão da patela sob a maca.



Tratamento

Exercícios e Fisioterapia

A reabilitação da disfunção patelo-femoral, após a avaliação abrangente, deverá concentrar-se no recrutamento do vasto medial obliquo, na normalização da mobilidade patelar e no aumento da flexibilidade geral e do controle muscular de toda a extremidade inferior. Não existem exercícios específicos que se tenha revelado capazes de isolas o vasto medial obliquo. A extensão do joelho com rotação tibial interna, a adução do quadril com contração do quadríceps e a rotação externa do quadril com contração do quadríceps foram propostas coma intenção de isolar o VMO, porém não existe nenhuma prova de sua eficácia.
Considerando que a dor patelo-femoral é reproduzida tipicamente com atividades que são associadas com maior força de contato patelo-femoral, parece que um programa de exercício deveria ser projetado para aumentar o fortalecimento do quadríceps. Isto é particularmente importante durante a fase aguda da dor quando os seus sintomas são exacerbados.
Durante exercícios de cadeia cinética aberta a quantidade de força exigida do quadríceps para estender o joelho aumenta com o movimento de extensão do joelho. 
Estudos feitos por Lieb e Perry demonstraram que a força do quadríceps aumenta em 60° nos últimos 15° de extensão do joelho, além deste aumento de força também foi constatado que a área de contato patelo-femoral era diminuída. Esta combinação do quadríceps aumentando a força e diminuindo a área de contato durante a extensão do joelho resulta em um maior estresse de contato patelo-femoral comparado com maiores ângulos de flexão do joelho onde a força do quadríceps não é grande mas a área de contato é maior.
Já durante exercícios de cadeia cinética fechada a força do quadríceps é relativamente mínima quando o Joelho está estendido.
Com tudo que foi descrito conclui-se que o tratamento da dor patelo-femoral é principalmente direcionado ao fortalecimento da musculatura do quadríceps por este ser o mais importante estabilizador da patela.
Como a insuficiência do vasto medial oblíquo é vista como uma das principais causas de dor patelo-femoral devemos dar ênfase a este músculo no nosso tratamento.
As atividades de fortalecimento em cadeia aberta para o quadríceps são mais seguras de 50° a 90° e de O a 10° ao passo que atividades em cadeia cinética fechada são mais seguras se forem feitas de 0° a 50° porque acima desse valor o contato fêmuro-patelar é muito excessivo.
Se o tratamento conservador falhar, poderá se indicar a cirurgia. Um dos procedimentos mais comuns é a liberação do retináculo lateral na qual este último é seccionado, assim liberando medialmente a patela. Apesar de esta técnica cirúrgica ter sido popular no passado, atualmente o procedimento é realizado somente após um exame muito mais minucioso.

Descanso

Inicialmente, a atividade do joelho deve ser reduzida, porque a teoria de que a dor femoropatelar é uma síndrome de overuse / sobrecarga tem mérito.
Um doente com sinal do “filme freqüentador” pode beneficiar de endireitar a perna ou o pé periodicamente como necessário. Se o paciente é um corredor ou se engaja na atividade de impacto e insiste em continuar, a natação ou outra atividade aeróbica sem impacto é uma recomendação razoável. Por exemplo, o chamado "elíptica" máquinas nonimpact exercício em clubes de saúde tornaram-se bastante popular para a prestação de atividade aeróbica sem impacto.

Gelo e antiinflamatórios

Gelo é o mais seguro antiinflamatório, mas seu uso bem sucedido requer disciplina. Aplicação de gelo por 10 a 20 minutos após a atividade é razoável. Uma queixa comum é a inconveniência de manter uma bolsa de gelo sobre o joelho, mas um envoltório elástico simples resolve este problema. Um pacote de gel congelado, gelo moído em um saco plástico ou um saco de legumes congelados também funcionam bem.
Pacientes com síndrome de dor femoropatelar não foi conclusivamente demonstrado que beneficiam de antiinflamatórios não esteróides (AINE). Embora a mesma afirmação possa ser feita sobre muitos tratamentos para a dor femoropatelar, a desvantagem de AINEs é que seus potenciais efeitos colaterais podem ser mais significativos do que quaisquer efeitos adversos da aplicação de gelo ou de exercícios de reabilitação. No entanto, considerando a conveniência de tratamento com AINEs, um julgamento criterioso pode valer à pena.


Mangas de joelho e Suspensórios

O uso de luvas e chaves de joelho em pacientes com dor femoropatelar é controverso. Tipicamente, cintas de joelho têm um lateral em forma de C reforçar que mantém a patela se afaste muito lateralmente. No entanto, o mecanismo patelofemural não é tão simples, pois os movimentos patela em vários planos. Joelheiras, é provavelmente o melhor reservado para uso em pacientes com subluxação lateral que pode ser visto a olho nu e podem ser facilmente palpados. Uma luva simples do joelho elástico com um patelar recorte pode fornecer algum benefício, embora estes continua sem comprovação. O uso de uma cinta de joelho ou manga não deve ser considerado um substituto para exercícios terapêuticos.

Taping do Joelho

Taping da patela em uma determinada posição para reduzir o atrito pode ser útil, embora os resultados de estudos tenham variado.  A técnica adotada por alguns fisioterapeutas é conhecida como "taping McConnell."Embora este método taping seja útil em pacientes selecionados,  sozinho. Ainda assim, quando realizado corretamente em pacientes selecionados, gravando pode oferecer a curto prazo o alívio da dor. A maioria dos terapeutas físicos são treinados em gravação e pode ensinar os pacientes a usar a fita em si mesmos

Calçado
Sapatos sofreram melhora significativamente na última década, talvez até o ponto de confusão quanto qual o melhor. De um modo geral, a qualidade e a idade de calçado são mais importantes que o nome da marca. 
 Não é incomum ouvir pacientes afirmam que um sapato novo, de qualidade ajudou a aliviar sua dor no joelho.




Bibliografia

MAGEE, D J. Avaliação Musculoesquelética. 3ª edição. Editora Manole, 2002.
KAPANDJI, AI. Fisiologia Articular: Membro Inferior. 5ª edição. Editora
Guanabara Koogan, 2000.
http://www.aafp.org/afp/991101ap/2012.html
Imagens: 
medialkneepain

2 comentários:

  1. Era isso que eu procurava.

    Obrigada pela ajuda


    Fer

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  2. Foi um prazer pode ajudar !

    Seja sempre bem-vinda.


    Paz e Bem


    Portal Café Fisionet.

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